Fradinhos, para quem não sabe, são aqueles blocos de concreto que existem nas calçadas cuja função é impedir o estacionamento indevido de automóveis à favor de uma melhor circulação dos pedestres.
Utilitários ou não, os fradinhos são elementos do nosso mobiliário urbano bastante polêmicos pois não atende de maneira equânime a todos os cidadãos. Isso porque estes mesmos fradinhos tornam-se verdadeiros obstáculos para cadeirantes e carrinhos de bebê, que, muitas das vezes, são mais largos que a distância implantada entre um fradinho e outro.
A “Operação Antifradinho”, iniciada em julho de 2010, já removeu cerca de 1.500 na orla carioca, do Flamengo ao Recreio, inclusive na Lagoa. O argumento apresentado para a operação é o de retirar os fradinhos que estejam situados em avenidas com grande fluxo de pedestres – como são os calçadões -, sem mencionar que é uma forma de recuperação do projeto original de paisagismo da orla, que não previa os palitinhos de concreto.
Vê-se aí um choque de interesses e privilégios que é muito complicado de ser resolvido. Uma vez mais, a estrutura dos projetos de urbanismo da cidade do Rio mostra-se precária e imparcial. O êxito da manutenção (ou remoção) dos fradinhos depende diretamente dessa estrutura, aparentemente incapaz de sofrer mudanças, pouco flexível a novas adaptações do espaço. Logo, esse é um assunto que sempre vai gerar discórdia, sendo preciso avaliar os seus prós e contras para decidir como e quando instalá-los.
Vantagens 1) Tendo em vista a pouca obediência às leis do trânsito, os fradinhos são elementos-chave para impedir o estacionamento irregular nas calçadas. Em alguns bairros, a cara-de-pau pode ser tanta que motoristas são capazes de pôr toda a estrutura do carro além do meio-fio. E dane-se você, amigo pedestre! 2) Nessa mesma semana, a Prefeitura, em oposição à Zona Sul, promoveu a instalação de fradinhos em um trecho da Rua Barão do Bom Retiro, no Grajaú. De acordo com a foto, publicada na seção Eu-Repórter do site do Globo, os fradinhos terão a função de margear uma faixa vermelha no chão, que indica ser o surgimento de uma ciclovia. 3) Dificulta o trânsito de bicicletas na calçada. Nesse caso, acaba sendo um inconveniente para os ciclistas pois eles são rejeitados tanto no caminho de pedestres como na rua, por onde passam os carros. Não há uma integração das ciclovias, sem contar que elas são raras pela cidade. 4) Num apanhado geral, o formato dos fradinhos indica um sentido de restrição. Mesmo que um leigo não entenda para que isto serve exatamente, entenderá, no fundo, que esses palitinhos estão ali para impedir ou restringir algo. No caso, eles repelem comportamentos mais extravagantes por parte do cidadão, promovendo um respeito no melhor uso da calçada e por quem a caminha.
Desvantagens 1) Privilegia os pedestres, mas impõe dificuldade ao uso de cadeiras de roda, de bebês, carrinhos de feira… Na verdade, o problema está no planejamento e não nos fradinhos em si. A maioria das calçadas do Rio são estreitas, assim como as ruas (fatores históricos), o que exige um maior plano de que forma esses fradinhos estarão dispostos, a distância que os separa e até mesmo o design deles. É preciso considerar e alinhar todas essas exigências. 2) A instalação de fradinhos deve ser uma função da Prefeitura, e não (também) da iniciativa privada. O que se vê é uma mistureba de modelos pelas calçadas; muitos deles são originários de governos e décadas passadas, enquanto outros foram criados de forma ilegal por moradores ou condomínios para proteger um espaço tido como “particular”. Padronização é fundamental. 3) A Lei Orgânica do Município estabelece que a manutenção das calçadas é dever do proprietário, correspondendo ao trecho igual à largura do imóvel que lhe é de posse. Muita gente não tá nem aí para isso (sejamos realistas!), mas o quebra-quebra de pôr ou retirar um fradinho gera um ônus àquele que, por lei, deverá conservar este espaço. 4) Os fradinhos podem, em algumas situações, como o caso da orla, ferir projetos paisagísticos tidos como patrimônios históricos. Somos pouco observadores e críticos, mas imagina um monte desses blocos ao longo do Parque do Flamengo? Não combina, né? Sou a favor de que os novos projetos contemplem a inserção dos fradinhos padronizados a fim de que eles fiquem em harmonia com a paisagem. Vá, é possível!
Apesar dos pesares, sou a favor dos fradinhos.
Pedro Paulo
Veja Rio
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